Esta página é dedicada a todos aqueles que sentem curiosidade em saber mais sobre a história destas antiguidades.
Sem fazer uma descrição exaustiva da narrativa de todos os automóveis, o objectivo é apenas o de referir alguns aspectos mais relevantes, mesclando a história própria de cada automóvel desta colecção, a história do modelo em geral e o impacto que este último teve na sociedade.
Podendo à primeira vista parecer um pouco exagerada, esta referência ao “impacto na sociedade” é facilmente justificada logo com o primeiro modelo que vos passamos então a apresentar.
Este Ford B V8 (ou, mais correctamente, Ford modelo 18) de 1932, sem ser o carro mais antigo, foi o primeiro elemento desta colecção.
Encontrado na cidade de Moura (Alentejo) no estado que a figura da esquerda documenta, foram necessários cerca de 4 anos e bastante trabalho para ficar completamente restaurado.
Este foi o primeiro modelo construído pela Ford com um motor V8, em resposta à concorrência da Chevrolet que tinha passado a liderar a tabela de vendas com os seus carros de 6 cilindros. Sendo bem sucedida com a nova motorização, o mesmo bloco continuaria a equipar os sucessivos modelos Ford nos 25 anos seguintes (!!), com apenas alterações de detalhe que permitiram ir aumentado a sua potência.
Inicialmente com 65 cv e uma velocidade máxima de 120 km/h o novo V8 era extremamente ágil e rápido, por comparação ao que circulava nas estradas daquele tempo.
Assim, rapidamente foi-lhe reconhecido valor para usos lícitos como competições e para outros menos lícitos...
A história de Bonnie e Clyde, o casal que aterrorizou vários estados da América do Norte nos anos 30 é sobejamente conhecida, o que é menos sabido, é que o bando Barrow utilizou vários carros deste modelo nas suas investidas.
Apreciadores da fama que a imprensa lhes proporcionava, não eram propriamente personagens humildes, e Clyde “Champion” Barrow, como se auto-intitulava, chegou mesmo a escrever uma carta a Henry Ford, agradecendo-lhe ter construído um carro tão extraordinário, e afirmando que sempre que tinha “oportunidade”, só guiava modelos como este.
O Buick Eight de 1933, foi descoberto na garagem de um monte alentejano em Portalegre (quais minas do Rei Salomão!), local onde estava parado há mais de 20 anos.
Felizmente, como não tinha sido exposto à humidade encontrava-se num estado minimamente razoável, porém tinha inevitavelmente mazelas resultantes do tempo em que esteve inactivo.
Transportado de Portalegre para Évora num reboque dos Bombeiros, foram necessárias poucas reparações, para que o motor Buick de 8 cilindros em linha, ganhasse vida outra vez e estivesse pronto para fazer a viagem até Lisboa pelos seus próprios meios.
Demonstrando estar à altura, foram apenas necessárias algumas paragens aquando de algum sobre-aquecimento (consequência do radiador obstruído com as sujidades depositadas ao longo de mais de 20 anos), chegou calma e dignamente ao seu destino.
O Mercedes 190 SL de 1956, não necessita de grandes apresentações. É um desportivo intemporal, as suas linhas ainda hoje são atraentes e muitos jovens olham para ele da mesma forma como olham um super-desportivo actual.
Quando foi adquirido, este exemplar estava em relativo bom estado, apenas um pouco incompleto em termos de peças (que, por acaso, eram as mais difíceis de encontrar).
A Mercedes, motivada pelo seu sucesso nas competições, apostou na produção de uma linha baseada nos carros de Grande Prémio com características puramente desportivas designada de SL.
A primeira série, da qual faz parte este exemplar, foi produzida entre 1954 e 1963 e posteriormente ocorreram sucessivas renovações até aos dias de hoje.
O fabricante anunciava-o como “o carro desportivo dois-em-um”: o novo proprietário, podia adquirir como extras, duas portas super aligeiradas em peso e um pequeno pára-ventos, que ao serem substituídos, respectivamente pelas portas normais e pelo pára-brisas (também removível), lhe permitiam ter um carro para corridas!
Curioso também é o facto de num estudo recente, que interrogava as mulheres sobre que carro escolheriam para chamar a atenção de um homem, as respostas maioritariamente referirem o Mercedes SL da primeira geração.
Certamente que para este resultado contribuiu o filme “High Society” de 1956 em que Grace Kelly (no seu último filme antes de se tornar Princesa do Mónaco) contracena com Frank Sinatra num 190 SL.
Este filme foi fonte de inspiração para inúmeros filmes e vídeoclips musicais posteriores.
O Ford modelo A (construído entre 1928 e 1931) foi o sucessor do também conhecido Ford modelo T. Henry Ford após sucessivas renovações do comprovado modelo T, aposta finalmente na construção de um automóvel completamente novo. Encerra a fábrica durante 6 meses em 1927, para que todos os esforços sejam canalizados para este novo modelo, que foi apresentado em Outubro e começou a ser comercializado em Dezembro de 1927.
Disponível em diferentes tipos de carroçarias (fechada, aberta, 4 portas, 2 portas, carrinha), com cores vivas e prestações mecânicas melhoradas, originou inevitavelmente um grande sucesso.
Hoje em dia é muito procurado por coleccionadores, pois o seu aspecto alegre, desperta sorrisos em qualquer local por onde passe e é sem dúvida o carro mais antigo com capacidade de percorrer qualquer distância a uma velocidade já considerada razoável (60, 70 Km/h).
Fazem parte desta colecção vários exemplares, encontrados em diferentes estados de conservação e com histórias diversas, ficam aqui a título de curiosidade algumas fotos do “antes” e do “depois” de alguns deles.
A história do Ford Sportsman 100cv de 1947 tem início quando Henry Ford II (neto de Henry Ford e filho de Edsel) solicita a construção de um carro especial com base no novo modelo da marca em finais de 1945, para seu uso pessoal.
Com vários pormenores de requinte em que se destacam os painéis de madeira que forram a carroçaria, causa grande sensação entre os associados e revendedores que pressionam para que se faça uma pequena produção do modelo.
Assim, entre 1946 e 1948 são produzidos 3000 exemplares que, com o seu preço proibitivo (cerca do dobro em relação à versão normal) eram adquiridos apenas por artistas, ou importantes homens de negócios.
Hoje em dia, sobram apenas cerca de 100 Sportsman em todo o mundo.
O exemplar aqui presente foi importado e legalizado do Paraguai e posteriormente, devidamente restaurado. Já em Portugal, foram vários os coleccionadores que se deslocaram incrédulos para ver este modelo, dada a sua raridade.
O Nash Slipstream de 1948 foi encontrado prestes a ir para abate. A dificuldade em restaurar e encontrar peças de origem fez com muitos automóveis como este tivessem esse triste fim.
Este porém, foi todo desmontado e devidamente restaurado, optando-se por pintar a carroçaria com duas cores, tal como era prática corrente neste modelo na altura. Nascendo assim para uma segunda vida.
Contemporâneo do Sportsman, também foi produzido entre 1946 e 1948, a Nash era uma marca independente, que sem entrar em guerra com os gigantes Ford e GM, tinha uma quota de mercado bastante apreciável, o seu cliente alvo era a classe média-alta.
Adquiriu grande notoriedade quando um Nash como este foi o Pace Car nas 500 milhas de Indianápolis de 1947 guiado por George W. Mason (sucessor de Charles Nash, o fundador da Nash Motors).
Muito fica por dizer acerca destas obras de arte ambulantes...
Os automóveis antigos propulsionam amizades e aproximam as pessoas.
É extremamente importante que o visitante desta página, apreciador e eventualmente até proprietário de automóveis como estes, se sinta à vontade para nos contactar para qualquer dúvida, ou situação que tenha com os nossos tão amados clássicos.